quarta-feira, 16 de julho de 2014

Relato de Parto 1 - Meu Caminho até um Parto Humanizado

Desde que o Henrique nasceu tenho ensaiado escrever esse relato, mas com bebe e mudança a vida ficou corrida. Mas o relato tava aqui na cabeça só faltava ser escrito e desde comecei a pensar em como escrever decidi que ele tinha que começar muito antes do dia do parto, pois muitas coisas que aconteceram antes foram fundamentais para que meu parto fosse exatamente como foi.
Há pouco mais de 5 anos atrás minha cunhada engravidou e foi a primeira vez que acompanhei uma gestação e suas questões mais de perto. Curti muito a gestação dela e fui a diversas consultas do pre natal com ela. Na época a frase "Vc quer normal? Faço com certeza se tudo correr bem com a sua gestação" era a coisa mais normal do mundo pra mim. Sempre acreditei que parto normal era dificil que eu teria que fazer muito exercicio, que nem todas as mulheres eram capazes e que, talvez como minha mãe, eu sequer entrasse em trabalho de parto. Minha cunhada queria normal. Ela morava em outro estado, veio ter o bebe perto da mãe e com o obstetra fofo e competente que tinha feito os partos normais da mãe dela.
No fim da gestação ele quis marcar a cesárea para que tivéssemos certeza de que meu cunhado assistiria ao parto. Minha cunhada não quis, ela queria o normal e queria entrar em trabalho de parto para garantir que meu sobrinho tava pronto pra nascer. Ela entrou em trabalho de parto num sábado, chegamos ao hospital à noite, meu cunhado estava há umas três horas de viagem, minha cunhada estava no inicio do trabalho de parto. O obstetra fez um exame de toque, não disse quanto de dilatação e disse achar ser mais seguro uma cesária, minha cunhada pequena, o bebe era muito grande.
Acompanhei a cesária dela, a bolsa rompeu enquanto ela era preparada para a cirurgia. Foi amarrada com os braços esticados em cruz, um pano não permitia que nada fosse visto. Meu sobrinho nasceu e foi levado pra uma sala ao lado, ele chorava pouco e era aspirado e avaliado e minha cunhada foi ficando ansiosa, preocupada me perguntando o tempo todo se ele estava bem. Depois de alguns minutos trouxeram meu sobrinho todo enrolado, mostraram de longe pra minha cunhada e levaram embora. Ela desceu pro quarto e ele foi levado pra mamar, a enfermeira sem o menor tato atrapalhando o primeiro encontro dos dois reclamando do fato de minha cunhada não ter bico. Meu cunhado chegou umas 2h depois que meu sobrinho nasceu. O médico sequer esperou ele.
Essa situação me fez reforçar em mim o quanto eu queria um parto normal. Quando engravidei dois anos depois iniciei meu pré natal com a certeza de que teria um parto normal. Mas ainda tinha poucas informações e talvez se aquela gestação não tivesse sido anembrionada eu não teria vivido o parto da forma como eu realmente queria. Naquela época meu foco era o enxoval, viajar e fazê-lo fora do pais e durante minhas pesquisas entrei em contato com a blogosfera materna pela primeira vez. Foi ali que encontrei apoio depois da minha curetagem e foi então que comecei a ler sobre parto humanizado, procedimentos desnecessários com o bebe, parto em casa, empoderamento, protagonismo. Depois disso tive mais um aborto e demorei ainda 2 anos e meio para engravidar do Henrique. Durante esse tempo me informei li muito sobre o assunto, meus horizontes se alargaram e eu me fortaleci e decidi que eu não queria apenas um parto normal, eu queria que ele fosse humanizado.
Nesse meio tempo minha cunhada engravidou e guerreira lutou por seu VBAC, informou-se, empoderou-se, enfrentou o médico e peitou um parto normal num hospital despreparado para acolhê-la naquele momento,sem nenhum cuidado para o alívio da dor, com o apoio apenas do meu cunhado. Quando o médico chegou minha sobrinha estava nascendo, foram para o centro cirúrgico as pressas. Mas nunca vou esquecer a ligação emocionada dela para mim pouco tempo depois dizendo: "Sharli minha filha nasceu as 7:30 de parto normal!" Chorei de felicidade porque sabia o quanto aquilo era importante pra ela, o quanto lutou sozinha por isso. Obrigada pelo exemplo cunhada.
Foi tanto amor, emoção e ocitocina, que foi na semana que minha sobrinha nasceu que, depois de 2 anos e meio de tentativas, finalmente engravidei!

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