quarta-feira, 16 de julho de 2014

Relato de parto 2: A Gestação e a Escolha da Equipe

Como já estava ciente de que a equipe certa era fundamental para garantir um parto normal humanizado, mesmo antes de engravidar, já estava a procura da equipe que me acompanharia.  Uma condição fundamental pra mim, para a escolha do médico é de que ele não fizesse episiotomia como procedimento padrão.  Havia pesquisado muito nomes de médicos e comecei a ligar, mas os valores com os quais me deparei me assustaram e tornavam a possibilidade de ser atendida por uma equipe assim distante.  Um parto domiciliar ou em casa de parto estava fora de cogitação, porque eu precisava do apoio do meu marido e até aquele momento, era difícil pra ele entender até a necessidade de uma equipe comprometida com o parto normal humanizado, que dirá apoiar um parto domiciliar.  Para ele só o hospital era seguro e o médico não era assim tão importante. 
Foi então que descobri em uma lista o nome do Dr Alberto Guimarães ,  não estava entre os famosos,  mas li alguns artigos dele defendendo  a episiotomia como procedimento desnecessário na grande maioria dos casos, encontrei o site dele com(Parto sem Medo) relatos de parto e artigos que falavam exatamente aquilo que eu acreditava sobre parto. Muito importante também foi saber da possibilidade de fazer todo o pré natal pelo meu plano de saúde,  o que já amenizaria muito os gastos, faltava saber o valor do parto.
 Na primeira consulta marido foi contrariado, porque era Muuuuuuuuito longe, o médico atrasou porque tinha feito um parto de manhã atrasando todo o consultório (com médico que faz parto normal é assim mesmo, às vezes vc tá saindo pra consulta e ela é cancelada porque ele foi atender um parto, outras você espera um tempão porque ele atrasou por causa de um parto, porque os nenês nascem quando estão prontos,e não na hora mais conveniente para o médico e pacientes), fiquei preocupada porque marido tava cada vez mais incomodado.  Então entramos no consultório dele, uma música gostosa de fundo, um sorriso acolhedor,voz tranquila,  foi só conversar com Dr Alberto que o gelo começou a quebrar, ele nos explicou seu trabalho, falou do seu percurso de médico cesarista até um médico humanizado, tudo sem pressa, tirando todas as nossas dúvidas, conversamos sobre valores e finalmente encontrei um valor possível com planejamento. E ali na primeira consulta ele fez um ultrassom e nos deu a grande notícia,  tinha um embrião e ele tinha batimentos cardíacos.  Saímos felizes e o marido me acompanhou em todas as consultas do pré -natal e puerpério.
Em alguns dias no consultório acontecia a sala de espera informada com conversas com a doula, obstetriz ou nutricionista. Marcava minhas consultas sempre para esses dias.
Meu pré natal foi tranquilo, sem exames de toque, poucas ultrassonografias, sem exames desnecessários,  consultas tranquilas, informativas e sem pressa. Ainda no começo me lembro de ter feito uma sabatina com o Dr Alberto, queria ter certeza de que não seria enrolada, me falou duas condições em que ele indicaria cesária e que se fosse necessário, esperaríamos entrar em trabalho de parto,  sem agendamento.  Então ele me disse algo que me fez ter certeza de que seria ele meu médico: Sharline você não precisa se preocupar em brigar por um parto normal, porque eu serei o primeiro que brigarei pelo seu parto normal. Ali me senti segura e me entreguei. Não pude participar das reuniões mensais com a equipe e não fiz os cursos,  por isso acabei conhecendo a equipe bem no final da gestação e isso eu faria diferente. Com 34 semanas conheci a Doula que me deu várias orientações e então comecei a fazer massagem perineal pra me preparar para o parto, não pude fazer a preparação com epi-no, mas acho que quem puder se programar vale a pena. Fiz pilates por alguns meses e também super recomendo.
Quanto ao enxoval muitas coisas não saíram como o planejado, fiz com o marido a viagem para comprar fora o enxoval e foi uma delicia. Em contrapartida iniciamos uma reforma na casa pra qual nos mudaríamos, que não ficou pronta,  assim tivemos que continuar no nosso apartamento, que ficou apertado. Não fiz decoração no quarto e os móveis do Henrique chegaram uma semana depois do parto e até hoje,  mesmo na nova casa o quarto dele não tem a decoração planejada. Isso tudo foi bom pra eu perceber que meu filho não precisava mesmo de muita coisa.
A minha gestação foi muito tranquila, tive enjôo no começo não passava mal, mas me sentia enjoada por todo o dia, foi controlável era só não ficar sem comer e se me sentisse muito mal, um pão de queijo com suco de laranja sempre resolvia. Cuidei muito da minha alimentação, cortei chocolate, cortei muito o açúcar,  inclui mais frutas, integrais e diminui as minhas porções porque estava acima do peso. Ganhei só 4.8kg durante toda a gestação, me senti disposta até o final, não fiquei super inchada. Só tive que lidar com uma azia muito forte, que só foi possível controlar com medicação. Procurei ficar tranquila,  apesar de todas as tristezas que vivi neste ano, pois perdi pessoas muito queridas, a última delas 4 dias antes do parto. Mas acho que tudo que vivi valeu pra o Henrique já ir vivenciando emoções tão comuns à vida.
É preciso também ressaltar a transformação do marido, pra ele parto domiciliar era loucura, perigoso e parto normal era legal quando dava certo e essa historia de humanizado era bobagem e era caro muito caro. Sempre falava que não queria assistir ao parto e cortar o cordão jamais credo. Depois que passamos na primeira consulta ele gostou do médico, então informou-se sobre parto humanizado, comprou a idéia e me apoiou incondicionalmente, até ficou por horas comigo fazendo as lembrancinhas do Henrique, um companheirão. Com 36 semanas assistimos  o filme "O Renascimento do Parto" e foi um divisor de águas,  ali ele se entregou, chegamos a cogitar um domiciliar, mas achamos melhor seguir o plano original que era o que nos fazia sentir mais seguros. 
Com 39 semanas e 3 dias,  passei em consulta, foi feito o único exame de toque do pré natal,  estava com 1cm de dilatação, Henrique na posição,  era só esperar e voltar na semana seguinte. Era lua cheia e no dia seguinte meu tampão começou a sair, falei com a obstetriz que me explicou que era o corpo se preparando. Continuei tranquila, durante a semana sentia a barriga endurecer às vezes, mas nada de dor. No sábado acordei com uma cólica forte (39 semanas e 6 dias), fiquei deitada quietinha junto com o marido e a cólica passou, acho que o corpo entendeu que aquele não era um bom dia. Sentia contrações indolores, barriga dura, muitas vezes por dia. Fui no meu curso de dança circular na segunda-feira (40 semanas e 1 dia), mas não dancei todas as músicas porque me sentia cansada e tava com medo de entrar em trabalho de parto ali. Saí antes pra não pegar trânsito. Eu ainda estava dirigindo sem dificuldades, mas ficava com medo de entrar em trabalho de parto sozinha. Naquele dia marido disse que agora ele ia ser meu motorista, que era melhor eu não dirigir mais, ele me levaria para o trabalho (eu trabalhei até o último dia porque queria usar toda a licença com o Henrique) e depois buscava ou eu voltava de carona, mas nada de dirigir. Jantamos uma pizza e fomos dormir............


Nenhum comentário:

Postar um comentário