terça-feira, 2 de julho de 2013

Sobre Perdas e Esperança

Eu queria muito ter feito no blog um diário, semana a semana da gestação pra depois eu revisitar e relembrar, não deu, correria e tristeza acabaram fazendo com que muitas coisas antes tão importantes ficassem para segundo plano, perdessem seu brilho.

Minha família passou por momentos muito tristes no último mês, foram três perdas em pouco mais de duas semanas. Nossa família é muito unida e muito grande, meus avós tiveram 10 filhos e esses filhos tiveram muitos filhos e eu tenho tios e primos espalhados pelo Brasil e pelo mundo. Todo o natal todo mundo faz um esforço e, se não todos, conseguimos reunir a grande maioria para momentos divertidos em família, é assim desde que eu me lembro.

No feriado do final de maio, na sexta-feira, faleceu em um acidente de carro meu Tio Elton o mais novo dos irmãos do meu pai e doeu muito. Meu tio era um bom pai, marido e filho. Foi triste ver a dor da minha vó, minha tia e meus primos. Ao mesmo tempo todos nos apegamos à nossa crença que nos conforta. Meus tios vieram de longe e estavam todos aqui no velório, que acabou acontecendo no dia em que estava programado o aniversário da minha vó. Enquanto família buscamos nos unir e fortalecer uns aos outros. 

Na quinta-feira seguinte, logo cedo recebo uma ligação da minha prima avisando que meu avô falecera naquela noite enquanto dormia. De novo doeu muito meu avô era uma pessoa muito especial pra mim um grande exemplo. Publiquei uma foto no face e algumas palavras naquele dia que transcrevo para cá hoje:


"Meu vozinho e eu em um dos dias mais importantes e felizes da minha vida. Como sempre ele carinhoso e conselheiro. Ontem lembrei de uma das coisas mais marcantes que ele me disse um dia, quando passeávamos pela fazenda do meu tio: trabalhei a minha vida inteira e não tenho nada de meu aqui nessa terra, não tenho uma casa, carro, terra, boi, nada, mas isso não importa porque as minhas riquezas estão guardadas lá no céu. Aquilo me marcou muito porque era verdadeiro, palavras de um homem que viveu sua vida e trabalhou aqui nesta terra com seus olhos e objetivos fixados no céu. Um homem que influenciou muitas vidas, especialmente as nossas, que tivemos oportunidade e o prazer de fazer parte da sua família. Essa semana me despedi de um dos meus tios, filho mais novo do seu Timóteo exemplo da educação cristã dos meus avós. E ontem me despedi do meu vô Timóteo. O Alzheimer nos afastou dele primeiro, mas mesmo depois que a doença já estava avançada ele orava com coerência e poder. Já sinto muita saudade e a dor que sinto é grande demais, mas o que me conforta vem da fé que ele me ensinou, pois vivo também na esperança do céu e tenho a certeza e o compromisso de que não é um adeus e sim um até logo Vô Timóteo e Tio Elton nos vemos quando Jesus voltar."

Dez dias depois mais uma perda, meu Tio Elizeu faleceu em outro acidente de carro provocado por uma motorista embriagada. Mais tristeza, mais dor e o que mais me dói é pensar em minha tia e meu primo que eu amo tanto sofrendo e me sentir impotente por estar tão longe.

Nesses dias o que mais ouvi é que eu devia ficar bem pra não passar toda essa tristeza para o meu bebe, mas me respondam como não sentir? Como não chorar a perda de pessoas que amamos? Eu sempre respondi que essa é a vida, e que meu filho vai aprender desde o ventre, que ela é feita de alegrias e tristezas que precisam ser vivenciadas em sua plenitude.

Desde então tentei me fazer forte, tentei desviar o foco, tentei me alegrar, mas não deu muito certo. Estou pra baixo, desanimei com muitas chá de bebe, reforma, quartinho e os outros preparativos perderam um pouco a graça e a importância. Às vezes me sinto triste e sozinha, por mais que marido se esforce ele tem um jeito bem diferente de lidar com a dor, acaba me dando espaço, que nessas horas é o que menos quero. Acho que tudo unido ao fato dos hormônios voltarem a atacar no terceiro trimestre é que me deixou mais fragilizada.
Mas durante esse tempo de dor minha família sentiu a importância do carinho dos amigos, muitas pessoas oraram, nos confortaram com palavras e outras agiram providenciando almoço e janta pra um batalhão de pessoas sem muita cabeça para pensar nisso. Me senti muito amada.

Esse post é pesado, mas ele é meio um desabafo que estou ensaiando há um bom tempo e também é uma tentativa de recomeço e retorno ao blog. No titulo  disse que o post é sobre perdas e esperança e agora quero falar um pouquinho sobre essa segunda parte.

Meus avós viveram e criaram seus filhos, que por sua vez transmitiram aos netos, dentro de uma crença que norteia minha vida até hoje. Nesta crença a visão que temos da morte é que ela é apenas um momento de descanso, como um sono, que termina no dia que Jesus voltar e chamar seus filhos que estiverem vivos e os que morreram para morar com eles no céu.  Então a morte não é uma despedida definitiva, apenas um até breve. Diante da morte isso nos conforta e nos move para estarmos preparados para esse dia, que será um dia de reencontro feliz. 

Semana passada ouvindo uma musica de um quarteto da minha igreja, uma frase fez muito sentido e confortou meu coração naquele momento: " Lutar, lutar até cansar, parece ser assim quando vivemos sem ver o fim, mas ao sentirmos a firmeza da mão que nos conduz, não temeremos, pois temos Jesus" Acredito que Deus conhece o fim desde o principio e que em seu infinito amor Ele nos conduz pelos melhores caminhos,  quando colocamos nossas vidas nas Suas mãos. Por isso mesmo que eu não entenda, mesmo que doa, mesmo que eu me sinta sem forças não tenho medo porque sei que Ele está do meu lado, Ele me conforta, me fortalece e me dá paz e nos ajudará como família a passarmos por esse momento de tanta dor.

Natal 2012

Volto logo com noticias do chá, um post sobre a viagem e um resuminho de como vai indo a gestação.