Gravidez: O Percurso, as Pedras e as Flores Pelo Caminho.

Quando contei que tava grávida, falei que demoramos pra contar pra todo mundo que eu tava grávida, agora explico melhor os motivos.

Há 2 anos e meio, depois que terminei meu curso de pedagogia, marido e eu decidimos que estava na hora de começarmos a tentar engravidar,meu ciclo sempre foi super regulado um reloginho. No segundo mês de tentativas atrasei, no 12º dia de atraso fiz um teste de urina no posto de saúde onde trabalhava e deu positivo, no mesmo dia fiz um Beta também positivo. O pessoal da minha equipe de trabalho logo ficou sabendo. No mesmo dia contei pro marido com uma surpresa super bonitinha. Contamos pra famílias logo em seguida. Quando contei pra minha mãe, dei pra ela e pro meu pai uma casal de velhinhos sentados em poltronas, ela virou e disse: - Tá me chamando de velha? Respondi: - Tô te chamando de vó. Todos ficaram super emocionados e foi uma alegria só. Em pouco tempo a notícia se espalhou, todo mundo ficava super feliz porque sabiam o quanto desejava ser mãe.

Então na sétima semana quando fomos fazer o primeiro ultrassom, aquela correria pra comprar o DVD, super ansiosos para ver nosso bebe e ouvir seu coração, tivemos a maior decepção da nossa vida, não sei explicar direito o que senti naquele momento mais é uma tristeza que dói até hoje. Não tinha embrião, não tinha coração só uma saco gestacional vazio e um útero com um tamanho condizente com uma gestação de 5 semanas. A médica que fez o exame disse pra ligarmos pra nossa GO que ela iria nos orientar o que fazer, mas explicou um pouco o que estava acontecendo. Fomos esperar enquanto ela preparava o exame, liguei pra minha GO, ela marcou consulta pro mesmo dia e tentou me tranquilizar. Já tinha ouvido ela falar de um caso semelhante e meu coração já me dizia que ali era o fim.

Bom aprendemos então na prática o que é uma gestação anembrionada. A gestação ocorre normalmente, o beta hcg sobe, a gravida sente todos os sintomas o útero cresce, mas a parte responsável pela formação do embrião não tem sucesso e ele não se desenvolve. Só se descobre normalmente por volta da 7ª semana quando o casal realiza o primeiro ultrassom. Então o procedimento é repetir o ultrassom em 15 dias, porque pode ser apenas um erro quanto a data da última menstruação e o dia da fecundação e a gestante pode estar mesmo apenas de 5 semanas e nesta fase o embrião não é visível. A outra coisa a fazer é colher dois exames de beta hcg com dois dias de intervalo e verificar se o hormônio continua a subir ou está caindo. Nossa primeira resposta veio pelo beta que estava diminuindo. Esperamos 15 dias, repetimos o ultrassom e novamente não havia embrião. Tomei medicação para ajudar a ter um aborto espontâneo, sem sucesso, esperamos mais dez dias pelo menos, eu tinha um pouquinho de sangramento mas as coisas não evoluíam  Eu continuava me sentindo enjoada e lidar com tudo isso estava ficando cada dia mais difícil. Minha médica então optou por um curetagem. 

Fiquei 15 dias em casa, emendei minhas férias e algumas folgas. 

O mais difícil era ter que várias vezes por dia, quando as pessoas vinham me dar parabéns ou perguntar sobre meu bebê, explicar o que havia acontecido e lidar com a minha tristeza e com o constrangimento da pessoa que vinha falar comigo. Fiquei forte no começo, mas depois de um tempo precisei fazer terapia e tive que me despedir do meu filho idealizado, foi duro.

Depois da curetagem esperamos três meses para tentar engravidar novamente, depois de 3 meses de tentativas consegui um positivo, mas antes mesmo de 5 semanas tive um aborto espontâneo. Depois disso fiz uma bateria de exames doídos e chatinhos com resultados ótimos. Ou seja não tínhamos nenhum problema para engravidar. Voltei a tomar anticoncepcional por 5 meses. 

Depois disso ficamos um ano tentado engravidar sem sucesso, esse tempo foi muito difícil. A gente houve muito pitaco e os piores são aqueles que nos culpam pelo fracasso. Logo que comecei o blog escrevi sobre isso num post desabafo que não foi publicado, mas acho que uma partezinha dele serve para exemplificar bem o que estou falando:

"Estou cansada, cansada de ouvir de todos aqueles que acham que sabem muito, pérolas das mais variadas que em suma, me culpam em gênero  numero e grau pela minha infertilidade. A sempre presente é que não posso ficar ansiosa, que preciso desencanar, que isso só atrapalha e daí vem as historinhas de gente que comprou um cachorro, adotou um filho desistiu e foi viajar e daí engravidou. Primeiro querer ter filho e ser uma pessoa que sabe quando está mais fértil e que depois de dois anos esperando começa a ficar mais triste quando tem a negativa, não é ser super ansiosa (desculpa mas depois desse tempo começo a perceber que quem fala essas coisas é sempre gente que engravidou sem querer ou super fácil  queria ver você no meu lugar). Segundo não ter conseguido ainda engravidar já é bem ruim e além disso ter essa culpa colocada nas minhas costas é pesado demais."

No mês de outubro decidi procurar ginecologistas especializados em infertilidade para me consultar. Um deles, Dr Rufino, foi super competente e um querido, na consulta fez um histórico médico bem completo, olhou com cuidado todos os meus exames e disse: Acho que vou te dizer algo que você não vai gostar de ouvir, você não tem nada. Mas depois me deu algumas dicas de como utilizar melhor o período fértil. Então seguindo a tabelinha dele, no segundo mês conseguimos o nosso POSITIVO!

Por tudo isso acho que ainda não estou conseguindo curtir a gravidez como gostaria. da primeira vez fiz tantos planos, pesquisei enxoval, fiz mil listas, estava esperando pra assim que possível fazer o exame de sexagem fetal. Agora estou tranquilinha, só esperando. Esperando o quê? Não sei, mas acho que quando acontecer vou saber.

Então vou ficando assim, agradecendo todos os dias por essa gravidez estar correndo dentro do esperado e curtindo um pouquinho mais a cada dia. Agradecendo a Deus pela benção de dar a mim e ao Elton a oportunidade de construir a nossa família.